sábado, 24 de abril de 2010

Chuva de meteóros

Muitos civis corriam desesperadamente e desordenadamente. Eu estava atravessado um túnel a pé, assim como todos, tentando entender o que estava acontecendo. O céu estava terrivelmente azul, o sol irradiante e agressivo. Não haviam sombras, nada além do calor.
No final do túnel, senti um calor insuportável. Então, pude entender o que estava afligindo a todos. Eram bolas de fogo que caiam do céu e formavam buracos no asfalto. Tratava-se de um chuva de meteóros!!! Não havia lugar seguro!
Mesmo em face àquele caos, sentia-me extremamente segura, capaz de defender-me e esquivar de todos os riscos que corria. O Sol era o nosso inimigo, o céu era nosso inimigo. Não havia como combatê-los, era apenas um jogo de resistência.
O cenário era o que pode-se comparar a um cenário de guerra. Casas destruídas, pessoas na rua, correndo pra lá e pra cá, sujas, passando fome, crianças chorando...
Ao anoitecer os meteóros cessavam. A noite era segura. Estávamos cansados e imundos. Me abriguei eu um shopping abandonado, tomei banho na pia de um dos banheiros, enxuguei-me com os papéis que lá estavam. O shopping estava semi destruído, a parte central cujo teto era de vidro, estava aberto. Eu sabia que assim que o Sol raiasse eu teria de me mover, pois as chuvas meteóricas voltariam e o inferno recomeçaria.
Sentia-me responsável por aquele grupo de pessoas que estavam comigo no shopping. Eles sentiam medo, estavam extremamente inseguros. Adultos tornavam-se crianças diante de tanto horror. Eu não podia mostrar fraqueza e ao mesmo tempo não sabia mais de onde buscar forças para sanar a fome, a dor e o desespero daquelas pessoas.
O dia chegou e o terror também. Perdi alguns dos meus, eles corriam disparados pelo desespero, eu não consegui contê-los. Uma facada para cada um que eu perdia, meu grupo foi diminuindo, diminuindo... o sentimento de incompetência, de fracasso crescia dentro de mim. Não suportei mais, fechei o olhos, respirei e quando abri, eu estava eu um lago calmo, dentro de um bote amarelo com um remo nas mãos. O Sol começou a me atacar, ele atirava bolinhas de fogo. Com muita dificuldade, eu conseguia ver a face do Sol, ele tinha uma expressão maldosa. Eu tinha apenas um remo para me defender. Se uma bolinha daquela encostasse no bote, eu estaria lascada.
Assim que eu consegui remar até o pier, o Sol cessou seus ataques. No pier, um gato gordo me recepcionou e lá estavam todos que eu havia perdido no ataque meteórico. Estavam felizes, limpos, saudáveis e já esperavam a minha visita.
Então... acordei!!!

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